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segunda-feira, 15 de junho de 2009






O paraíso de Kuna Yala

Os primeiros dias da nossa aventura em veleiro em direcao à Colômbia nos fazem esquecer qualquer sufoco que possamos ter passado depois (como contado no post anterior). O passeio de Puerto Lindo, no Panamá, para Cartagena, na Colômbia, incluiu três dias em Cayo Holandês, conjunto de pequenas ilhas dentro do arquipélago de San Blás - a maioria delas desabitadas, cobertas por coqueiros, cercadas por praias de areia branca e água azul turquesa.

O arquipélago, formado por aproximadamente 400 ilhas, faz parte da Comarca de Kuna Yala, uma estreita faixa de terra na costa caribenha do Panamá. A comarca é uma regiao autônoma, com interferência mínima por parte do governo nacional, administrada pelo grupo indígena Kuna. Os Kuna têm seu próprio sistema de governo e decisoes, o qual, felizmente, contribui para a manutencao de seu próprio sistema econômico, sua própria língua e sua própria cultura. As famílias Kuna vivem basicamente da venda de côcos, peixes e mariscos, abundantes no local. Atualmente, eles têm um dos mais altos graus de autonomia política entre os grupos indígenas da América Latina.

A ilha onde passamos três dias estava ocupada por cerca de quatro famílias, que somavam umas 20 pessoas. Nossos dias ali se resumiram à praia, luais com direito a lagostas cozidas na fogueira e muito tempo de conversa com esse povo que zela tanto por preservar o seu tradicional modo de vida.

Procuramos correr pela ilha e registrar um pouco dessa vida tao simples e, ao mesmo tempo, enigmática dos Kuna. Um dos habitantes com quem mais tivemos contatos foi Julio, um dos poucos que falava bem espanhol. Aos 68 anos de idade, saudável e bastante ativo, Julio vive em Cayo Holandês há mais de dez, numa simples cabana de madeira e palha. No ano passado, Julio perdeu sua esposa, que morreu de câncer, e hoje ele vive sozinho. À noite, durante os nossos luais, sempre se aproximava para tomar algumas doses de rum com coca-cola e jogar conversa fora.

Ele nos explicou que as ilhas sao normalmente divididas entre famílias Kuna e que cada membro fica responsável por um determinado número de coqueiros. A venda desses côcos aos colombianos e de mariscos à tripulacao de barcos estrangeiros é o principal negócio hoje dos Kuna, que conseguem, com esses recursos, ir uma vez por semana a povoados maiores comprar outros produtos necessários para sua sobrevivência.

Ficamos bastante surpresos com o fato deles ainda nao possuírem televisao. Aliás, pelo menos em Cayo Holandês, o único aparelho que lhes permite obterem notícias do mundo é um pequeno rádio de ondas curtas à pilha. Segundo Julio, pelo rádio, eles ficam sabendo notícias do Panamá e da Colômbia diariamente. No entanto, o telefone celular é um aparelho usado amplamente pelos Kuna, principalmente para se comunicarem com suas famílias em outros povoados. Como nao possuem nenhum sistema de geraçao de energia elétrica nas ilhas, quase sempre eles sao obrigados a pedir aos barcos estrangeiros para carregarem suas baterias.

Precos básicos no Panamá (Moeda: Dólar americano, também chamado de Balboa)

1 cafezinho: US$ 0,75.

1 Coca-cola (600 ml): US$ 0,80.

1 cerveja (long-neck) em bar: US$ 1,00.

1 prato de comida (um pedaço de carne, um acompanhamento e salada ou verduras): US$ 5,00.

Gasolina (por galao de 3.78 litros): US$ 2,70.

1 noite de hotel para um casal (quarto simples, com cama de casal e um ventilador, banheiro privado ou compartido): US$ 20.

PS.: Hoje completamos três meses de viagem. Tentaremos soltar um post especial ainda esta semana.


Enviado por Gustavo Teixeira -
14.6.2009
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18h25m

Resgatados no Mar do Caribe

Cruzar o Darien Gap entre o Panamá e a Colômbia em barco foi talvez a maior aventura de toda a nossa viagem. Tao emocionante que por pouco nao nos custou a vida. Fizemos um passeio realmente incrível, recheado de ilhas paradisíacas, e em meio a povos indígenas que sobrevivem da pesca e vivem em pequenas cabanas entre areias e coqueiros, seguindo tradiçoes milenares. Tudo isso nas águas cristalinas do Mar do Caribe e com direito a inúmeros mergulhos entre peixes das mais coloridas e variadas espécies. Nos últimos dias, no entanto, já a caminho de Cartagena de Indias, na Colômbia, fomos surpreendidos por uma falha no motor de nosso barco que nos deixou à deriva por dois dias, com pouca comida e água potável. Por sorte, acabamos sendo resgatados pela Marinha colombiana, num episódio que quase poderia ter sido tirado de um filme de Hollywood.

Tudo começou quando nos metemos num barco em Puerto Lindo, cidade às margens do Caribe a cerca de 30 quilômetros ao Sul de Colón, no Panamá. A previsao era inicialmente ter saído no dia 3 de junho, mas, para poder acomodar a moto no barco, acabamos postergando a partida em um dia.

Partimos, entao, eu e Danielle de Puerto Lindo, no dia 4 de junho, com mais quatro turistas estrangeiros (uma holandesa, uma australiana, uma alema e um inglês, todos com idades entre 25 e 38 anos) para realizar a viagem num barco de origem holandesa, cujo "capitao" e seu ajudante eram também holandeses. O barco, apesar de possuir 90 anos de uso, parecia estar em boas condiçoes. O que nao imaginávamos era a falta de preparo dos dois tripulantes e do próprio barco para situaçoes de emergência.

A princípio, tudo parecia muito bem e estávamos nos divertindo muito até que, entre o arquipélago de San Blás e Cartagena, o motor do barco pifou. O capitao e seu ajudante tentaram por horas a fio consertar o motor a diesel, sem sorte. Quando se deram conta de que nao havia jeito, nos informaram da situaçao e disseram que seria impossível prosseguir viagem. Questionamos se nao era possível utilizarmos as velas, mas, segundo eles, como se tratava de um barco muito velho, a vela principal nao estava em condiçoes de ser usada.

Resultado: ficamos à deriva em alto mar a 100 milhas náuticas (cerca de 185 quilômetros) de Cartagena à espera de algum barco que nos pudesse avistar e ajudar. Para piorar a situaçao, o único aparelho de comunicaçao à bordo era um rádio de VHF cujo alcance máximo nao passava de dez milhas náuticas. Nao havia a bordo nenhum outro aparelho de longa distância com o qual pudéssemos fazer contato diretamente com a guarda costeira.

Passamos cerca de 36 horas à deriva, e até que o grupo se comportou muito bem. Nao houve pânico. Apesar de receosos, o capitao e seu ajudante procuraram nos tranqüilizar afirmando que, pela distância que nos encontrávamos de Cartagena, principal cidade portuária da Colômbia, as chances de que um navio cargueiro ou outro barco de passeio nos avistasse eram grandes. Pelo menos nisso estavam certos. No dia seguinte, por volta das 6 horas da tarde, estávamos reunidos no convés do barco, dando risadas da nossa condicao de "quase náufragos", quando avistamos um navio cargueiro na linha do horizonte. Tentamos um "Mayday" via VHF e, para nossa grande alegria, fomos contestados.

O navio, que se chamava Mount Fuji, ao tomar conhecimento da nossa condiçao, aproximou-se e ofereceu toda sorte de auxílio, incluindo água e comida. Como tinham rádios de longa distância, fizeram contato direto com a guarda costeira colombiana, que lhes pediu que permanecessem ao nosso lado até que conseguisse chegar para o resgate.

No dia seguinte, por volta das seis horas da manha, a guarda costeira colombiana chegou num imenso navio da marinha colombiana. Enviaram uma pequena lancha com oficiais a nosso encontro. Três passageiros, eu incluído, fomos enviados a bordo do navio para recebermos pequenos cuidados médicos. Mecânicos de motores diesel também foram enviados à nossa embarcaçao para tentar consertar o motor.

Depois de várias horas tentando consertar o motor, o capitao do navio da marinha colombiana decidiu colocar todos os passageiros a bordo de seu navio e rebocar nosso barco. Fomos tratados super bem por toda a tripulaçao do Cartagena de Indias, que nos ofereceu banho, comida e alojamento por todas as 12 horas de regresso à cidade de Cartagena. Foi impressionante ver todo o trabalho feito pela tripulacao do barco para o nosso resgate, que incluiu até a passagem da moto do pequeno veleiro para o navio, em pleno alto mar.

Na manha desta sexta-feira, chegamos à base naval de Cartagena e fomos recebidos ainda no barco por jornalistas colombianos interessados na surpreendente história.


Enviado por Danielle Borges e Gustavo Teixeira -
13.6.2009
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19h17m

Já estamos na Colômbia!

Chegamos na Colômbia ontem, na cidade de Cartagena, depois de passarmos oito dias num barco. A nossa viagem foi uma tremenda aventura, até difícil de acreditar. Mas, amanha, depois de reorganizarmos nossas vidas, lhes contaremos tudo em detalhes.


Enviado por Gustavo Teixeira e Danielle Borges -
3.6.2009
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12h00m

A travessia do Darien Gap

Encontrar uma forma barata de atravessar uma moto pelo chamado Darien Gap, no Panamá, nao é tarefa das mais fáceis. Desde que planejamos esta viagem, comecamos a buscar solucoes para fazer a travessia com a moto. Acontece que a parte Sul do Panamá é praticamente desabitada, pura selva e sem nenhuma estrada. Para chegar à Colômbia com uma moto, as opcoes eram colocá-la num barco ou num aviao.

A princípio, preferíamos fazer o trajeto em aviao, pois pensávamos que o preco seria mais ou menos o mesmo que em barco e o faríamos em apenas um dia, enquanto de barco a viagem duraria de cinco a sete dias. Mas, ao verificar os precos e as condicoes, nao nos restaram muitas alternativas.

Depois de passarmos dois dias inteiros na cidade do Panamá, tentando obter o máximo de informacoes possível, chegamos às seguintes opcoes:

Em aviao:

Companhia Girag Cargo: cobra US$ 900 só para levar a moto da cidade do Panamá para Bogotá (Colômbia) e teríamos que comprar ainda as nossas passagens, que custariam US$ 300 para cada um, no mínimo. Total: US$ 1.500. Além de cara, a Girag nao aceita pagamentos em cartoes de crédito, apenas em espécie.

Companhia Copa Cargo: cobraria aproximadamente US$ 650 só pela moto, também pelo trajeto de Panamá a Bogotá, fora as nossas passagens. Nesse caso, o total seria US$ 1.250, quase o mesmo valor que pagaríamos pelo barco, mas o problema é que nao tinham nenhum aviao cargueiro disponível no momento e tampouco alguma previsao de quando o teriam.

Em barco:

A viagem de barco é algo informal por aqui. Nao há nenhuma empresa específica que a ofereca. Quase todos os albergues da regiao, no entanto, têm as informacoes e o contato de capitaes de grandes veleiros, que podem levar até 18 pessoas e duas motos. A maioria deles parte da cidade de Puerto Lindo, ao norte da cidade do Panamá (mar do Caribe) em direcao a Cartagena, na Colômbia, numa viagem que dura de cinco a sete dias. Todos têm basicamente o mesmo preco - entre US$ 350 e US$ 385 por pessoa. Como a moto conta como outra pessoa, o total ficaria em US$ 1.155 (considerando o preco mais caro) . O problema, nesse caso, é que se tem que esperar por um barco disponível e soubemos de pessoas que esperaram até duas semanas para poder ir a Colômbia.

Outras opcoes:

Na Internet, encontramos várias histórias de pessoas que usaram alternativas diferentes para chegar à Colômbia. Uma delas é passando pelo povoado de Puerto Obaldía (norte do Panamá). Para isso, teríamos que fazer alguns trechos em lancha e um trecho numa avioneta, com períodos largos de espera entre um trajeto e outro e sem saber ao certo se seria possível levar a moto até o território colombiano. Pareceu-nos muito trabalho e pouca seguranca.

Alguns veleiros fazem a viagem desde San Blás (Comarca de Kuna Yala, costa do Caribe no Panamá) a Sapzurro (fronteira do Panamá com a Colômbia) por um preco mais em conta (US$ 250 por pessoa e pela moto). Como nao há estradas de Sapzurro para outras partes da Colômbia, a opcao foi descartada.

Também encontramos na Internet pessoas que foram a Colón, cidade portuária ao norte da capital, negociar diretamente com cargueiros que se dirigem à Colômbia. Mas também se trata de uma opcao informal e nao há garantia de que os capitaes estariam dispostos a nos levar. Além disso, achamos perigoso subir num barco "desconhecido". Outro problema é que o nosso guia é claro ao enfatizar que Colón é uma cidade perigosa e que deve ser evitada. Consideramos arriscado ir ao local com a moto e toda a bagagem.

***

Ao final, decidimos que ir em veleiro era a opcao mais segura, sobretudo porque, pelo que pesquisamos, é a mais usada e os albergues que organizam a viagem sao confiáveis. Por sorte, soubemos de um barco que partiria hoje, dia 3 de junho, e nele estaremos. Pagaremos US$ 385 por pessoa e outros US$ 385 pela moto. O preco inclui toda a comida e as taxas de imigracao.

Como nao sabemos se teremos acesso à Internet durante o percurso, poderemos ficar sumidos por uma semana. Mas voltamos a dar notícias assim que chegarmos à Colombia.


Enviado por Gustavo Teixeira -
2.6.2009
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1h24m

Golfinhos em Bocas del Toro

No noroeste do Panamá, bem próximo da fronteira com a Costa Rica, está localizado um arquipélago que é uma preciosidade natural em pleno Mar do Caribe. As seis ilhas de Bocas del Toro sao tao bonitas e preservadas que inúmeros golfinhos fazem de suas águas moradia.

Estivemos no arquipélago por duas noites e, mesmo com o tempo adverso que estamos enfrentando nestes últimos dias, pudemos apreciar sua impressionante beleza. O caminho entre a cidade de David, segunda maior do Panamá, e a cidade costeira de Almirante (de onde saem os barcos para as ilhas) nao é dos melhores em termos de estradas: sao 160 quilômetros de asfalto sem acostamento, com pouca sinalizacao e com vários trechos de pavimentacao falha. As paisagens, porém, já valem o passeio. Cruzamos a Cordilheira de Talamanca e, de Chiriquí em diante, a estrada mescla matas verdes e cachoeiras com eventuais vistas do Caribe. Tudo se torna ainda mais interessante com as casas de telhado de palha que margeiam o asfalto, habitadas por indígenas.

Em Almirante, ficamos um pouco frustrados ao saber que o ferry que poderia levar a moto somente partia para a ilha de Colón uma vez ao dia, às 8 horas da manha. Como já passavam das 4 horas da tarde, estávamos há pelo menos oito horas atrasados. A solucao, entao, foi buscar um hotel na cidade onde pudéssemos deixar a moto com a maioria das coisas e tomar uma lancha sozinhos apenas com uma mochila. Acabamos encontrando um (Hotel La Alhambra, no centro do povoado) que nos cobrou US$ 10 para manter a moto com as coisas em um pequeno galpao por duas noites. Nada mal já que o ferry sairia por US$ 15 e a ilha definitivamente pode ser feita a pé.

Encontramos logo no desembarque em Colón um panamenho que, ao descobrir que éramos brasileiros, nos cumprimentou com um caloroso e tipicamente carioca "Qual é, sangue bom!" Gustavo, outro xará, nos indicou o hotel mais barato da cidade (US$ 15 o quarto por noite), e nos ofereceu um passeio de barco para o próximo dia. A princípio, rejeitamos o passeio, pois pensávamos que poderíamos fazer tudo sozinhos. Mas, depois de conversar com alguns habitantes locais, vimos que o barco seria a melhor e mais barata forma de conhecer as ilhas e seus arredores.

No dia seguinte, acordamos cedo e nos metemos num barco para um passeio por algumas ilhas do arquipélago (que nos custou US$ 15 por pessoa). Depois de encher o barco com outros turistas, o nosso barqueiro acelerou nas águas calmas e protegidas ao redor das ilhas e nos levou a um lugar a que chamou "Baía dos Golfinhos". Tivemos sorte nesse dia e a baía fez juz ao nome: pelo menos, uns dez golfinhos nadavam à nossa volta, como se já estivessem acostumados com o turismo na regiao.

Depois dos golfinhos, fomos a uma outra área, com águas de profundidade entre três e quatro metros e lotada de recife de corais. Mergulhamos com máscaras e snorkel para ver piscinas recheadas de peixes das cores mais variadas.

O passeio terminou com uma parada na ilha de Red Frog, propriedade privada que foi transformada em parque natural, e onde cobram US$ 3 por pessoa para a entrada. Esta ilha (Bastimentos), como quase todas as outras no arquipélago (excecao talvez de Colón, que é a mais desenvolvida), possui vegetacao densa e uma praia de areia clara e águas de um azul tipicamente caribenho.

De volta à Colón, pudemos ver que nao tardará muito para que o arquipélago esteja tomado de casas e mansoes, que, apesar de existirem ainda em pequenos números, infelizmente, já comecam a fazer parte do visual.


Enviado por Danielle Borges -
31.5.2009
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22h46m

Águas de maio

A estacao chuvosa na América Central comeca em maio, mas só comecamos a senti-la realmente no final do mês. Desde o último dia 20, pegamos chuva na estrada diariamente. Sempre forte e duradoura. Às vezes, encontramos um lugar coberto para nos proteger por um tempo, mas, na maioria das vezes, a chuva nao para e seguimos viagem mesmo assim, para chegar ao destino programado antes que anoiteca. Resultado: chegamos ensopados e ainda temos que abrir todas as nossas coisas para que se sequem. O pior é que, no dia seguinte, tudo se molha novamente num outro aguaceiro na estrada. Bom, vida de aventureiro....Pelo menos, Gustavo está se convertendo num motociclista expert em pistas molhadas.


Enviado por Danielle Borges -
31.5.2009
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21h46m

Costa Rica à venda

Ao cruzar a fronteira entre Nicarágua e Costa Rica, a diferenca de prosperidade é notória. Se comparamos ainda com o que vimos desde o México, Costa Rica é o "primo rico" da América Central: cidades mais desenvolvidas, boas casas à beira da estrada e carros mais modernos em circulacao. Todo esse maior desenvolvimento em relacao aos vizinhos é resultado do grande fluxo de americanos, alguns que fixaram residência ou apenas fizeram no país sua casa para temporadas.

Ainda que o governo costa-riquenho tenha comecado, em 1960, a criar inúmeros parques nacionais - o que aumentou significativamente o turismo na regiao - quase metade das terras "preservadas" sao propriedade privada. E muitos proprietários encontram brechas nas leis para vender ou desenvolver suas terras.

Durante os seis dias que passamos na Costa Rica, nos chamou a atencao a quantidade de terrenos à venda, sobretudo na Península de Nicoya e ao redor do Parque Nacional Corcovado. Nesse último, apenas uma única empresa (Beach Front Properties) anunciava inúmeros lotes, distribuídos em aproximadamente 20 quilômetros à margem da estrada que percorre a costa do Golfo Dulce, no sudeste da Costa Rica. Ao buscar pelo nome da companhia no Google, encontramos ainda o site www.propertiesincostarica.com, com dezenas de ofertas em dólares.

O sistema de venda de terras aos "gringos" definitivamente está trazendo prosperidade ao país, mas já comeca a provocar efeitos econômicos um pouco duvidosos: o preco das terras já está inacessível aos costa-riquenhos e pequenos fazendeiros e indústrias nacionais comecam a perder forca diante da concorrência "gringa". Além disso, o alto número de turistas americanos e europeus comeca a influenciar a latinidade da Costa Rica. Houve momentos em que só escutamos inglês à nossa volta e as famosas redes americanas de "fast-food" já sao encontradas em qualquer esquina. O que nos preocupa é o fato de que o tradicional e autêntico cumprimento costa-riquenho "pura vida", em alguns anos, se transforme num "life is good".

Comida típica: Apesar de tudo, ainda é possível encontrar autenticidade na Costa Rica. O ceviche - peixe ou camarao cozido por suco de limao, temperado com tomate, cebola e salsinha e servido frio - é típico nos locais de praia, muito mais do que em outros países da América Central. E quem acha que brasileiro gosta de um arroz com feijao é porque ainda nao conheceu os nicaraguenses e costa-riquenhos. A mistura aqui é conhecida como "gallo pinto" e servida até no café-da-manha.

Fronteira Costa Rica-Panamá: Ficamos apenas seis dias na Costa Rica e, a maior parte do tempo, na casa da família de um grande amigo, em Cartago. Visitamos apenas a regiao do Parque Nacional Corcovado (foto). A entrada no Panamá foi a mais tranquila até agora: nada de pedintes, nada de despachantes e completamente gratuita.

Precos básicos na Costa Rica

(Moeda: colones. US$ 1= 570 colones)

1 cafezinho: US$ 0,90.

1 coca-cola (600 ml): US$ 1,05.

1 cerveja (long-neck): nao tomamos.

1 prato de comida (um pedaco de carne, "gallo pinto" e banana frita): US$ 4,50.

Gasolina (por litro): US$ 1,25.

1 noite de hotel para o casal (quarto simples, com cama dupla, ventilador e banheiro privado): US$ 13.


Enviado por Gustavo Teixeira -
29.5.2009
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22h15m

Bye bye, Brasil. Eu te amo!

Nesta nossa longa jornada cruzando as Américas, já encontramos algumas pessoas (de diversas nacionalidades) que se disseram "apaixonadas" pelo Brasil. Claro que isso sempre nos deixa muito orgulhosos, e nos faz sentir a cada dia mais "próximos" de casa. Mas a declaracao de amor pelo Brasil que mais me emocionou ouvi da voz dolorida de uma mae costa-riquenha que perdeu um filho faz dez anos.

Estivemos na casa de Flor e Rafael, na semana passada, em Cartago. O simpático casal é parente dos amigos em cuja casa estávamos hospedados na cidade, e eles, sabendo que éramos brasileiros, fizeram questao de nos receber, com muito carinho. Flor, Rafael e os filhos ainda pequenos haviam morado no Brasil na década de 70, ocasiao em que Rafael fora a Ribeirao Preto fazer um doutorado pela Universidade de Sao Paulo. Voltaram à Costa Rica ao fim do curso apaixonados pelo país. Eis que, anos depois, um dos filhos, Roger, acabou sendo enviado novamente, também com sua família, ao Brasil pela empresa em que trabalhava. Morou em Sao Paulo e, por último, em Campinas. Roger também gostou tanto do Brasil que sempre ligava para os pais e dizia que nao queria mais viver na Costa Rica e que sua felicidade estava no Brasil.

Porém, depois de quatro anos em terras brasileiras , em 1998, mesmo contra a sua vontade, Roger se viu obrigado a regressar à Costa Rica, por decisao de sua empresa. Voltou à Costa Rica com a família, mas a idéia era, um dia, conseguir voltar a viver no Brasil. Nao teve tempo. No mesmo ano, sofreu um acidente de carro na Costa Rica que lhe custou a vida.

Alguns meses depois, em 1999, ainda sentida pela perda do filho, Flor decidiu ir ao Brasil reencontrar ex-amigos dela e do filho. Quando chegou a Campinas, se encontrou com uma senhora que fora amiga próxima de Roger no período em que ali viveu. Flor contou que, depois de visitá-la, a senhora passou com ela em frente à casa onde Roger havia morado e, como a casa estava "aberta" para ser alugada, ela lhe convenceu a entrar para conhecer a casa onde o filho havia passado os últimos momentos no Brasil.

Quando entraram na casa, notaram que esta havia sido pintada. A senhora rodou com Flor pela casa, mostrando-lhe o quarto onde o filho usara para dormir e outros ambientes. E, ao chegar na cozinha, a senhora se lembrou que, no último dia no Brasil, pouco antes de embarcar de volta à Costa Rica, Roger havia passado alguns momentos a sós no ambiente. "Eu me lembro que ele passou algumas horas a sós aqui, como se estivesse escrevendo uma carta ou algo" - disse-lhe a senhora. Decidiram procurar melhor e encontraram, num cômodo embaixo das escadas da casa que servia como despensa, a seguinte frase escrita à caneta piloto na parede: "Bye bye, Brasil. Eu te amo! Roger." A casa havia sido pintada recentemente, mas, felizmente, este cômodo nao havia sido tocado pelos pintores. Flor e a senhora desataram a chorar.


Enviado por Danielle Borges -
27.5.2009
|
23h19m

Erros

Tive que abrir aqui um post explicativo, porque, pela correria, deixei passar o último texto (sobre a Ilha de Ometepe) com alguns erros de digitacao e até de português. Desculpem-me os leitores mais observadores. Espero que tenha corrigido tudo agora (hehe).


Enviado por Gustavo Teixeira -
27.5.2009
|
23h16m

15 anos de América

Apesar de ter nos servido apenas como ponto de parada (dormimos lá uma noite antes de chegarmos a Cartago), a cidade de Liberia, na Costa Rica, nos reservou um interessante encontro. Estávamos em frente a um caixa automático (tentando sacar alguns milhares de colones. Um dólar aqui equivale a 550 colones), quando um sujeito de camiseta e short, numa bicicleta, parou ao nosso lado e perguntou de onde éramos. A nossa resposta foi a palavra mágica para que o argentino Gustavo (isso mesmo, ainda por cima é um xará!) desatasse a falar.

Gustavo estava viajando em barco à vela sozinho dos Estados Unidos até a Argentina, pelo Pacífico. Antes disso, ele havia viajado por 15 anos em bicicleta pela América do Norte e América do Sul e, por isso, conhecia tudo de rotas e lugares nao só na Costa Rica mas em quase todos os países dos dois continentes. E contou histórias que nos fez morrer de rir.

Ele disse, por exemplo, que, quando decidiu mudar de bicicleta para barco à vela, foi até Los Angeles, nos Estados Unidos, e fez um contato na marina para comprar um barco barato. Como muitos navegadores leram a sua história de 15 anos de viagem em um jornal, Gustavo acabou ficando conhecido e recebeu um veleiro usado de doaçao. Acontece que ele nao tinha experiência nenhuma em barco à vela, mas, corajoso, decidiu encarar o mar assim mesmo. Resultado: afundou o barco antes mesmo de pegar alto mar!

Persistente, Gustavo voltou à Califórnia e comprou (desta vez do próprio bolso) um veleiro de 30 pés. E agora está indo rumo à Argentina. Quando lhe perguntei em qual veículo havia gostado mais de viajar, Gustavo foi enfático: "A bicicleta é mil vezes melhor. Na bicicleta, a gente vai tendo contato com pessoas, e podemos parar e conversar. Já o barco no meio do oceano é pura solidao!"

O próximo projeto de Gustavo é tentar convencer vários velejadores do mundo a se reunirem com seus barcos em Miami, na Flórida, em 2010, para velejarem em direçao à Cuba, numa grande manifestaçao pela "liberaçao" do país. Mas ele mesmo considerou difícil conseguir pôr o projeto em prática: "Fidel vai pensar que se trata de uma invasao norte-americana e nos destruirá" - disse, rindo.


Enviado por Danielle Borges -
24.5.2009
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15h00m

A ilha dos dois vulcoes

A ilha de Ometepe parece mesmo um lugar de conto de fadas: uma ilha formada pelas lavas de dois vulcoes localizada no meio de um lago (o Lago da Nicarágua). Felizmente, pudemos visitá-la de moto, gracas aos "ferries" que saem, quatro vezes por dia, da cidade de San Jorge em direcao à ilha, pelo preco total de US$ 13 (dois passageiros, a moto e alguns impostos).

Mal havíamos chegado a Ometepe (nome indígena que significa "entre duas montanhas") e já estávamos encantados. Ao contrário de Granada, a ilha é bastante autêntica e recebe, em geral, o tipo de turista que acaba desenvolvendo bonitos projetos no local. Somente o lugar onde nos hospedamos já vale uma história à parte.

Ainda no "ferry" em San Jorge, conhecemos um grupo de estudantes americanos acompanhados pelo também americano Christopher Shanks. Cris tentava levar sua cadela Ossa para sua casa na ilha, mas o fiscal do barco lhe criava alguns problemas, exigindo focinheira pra um animal de apenas três meses e ainda sem dentes. Decidimos intervir para ajudá-lo e tudo acabou bem. Em troca, Cris nos convidou a montar a barraca na sua fazenda.

Cris trazia os estudantes para um curso especial de duas semanas no projeto que coordena numa fazenda de permacultura. A permacultura é um método criado para planejar, atualizar e manter sistemas de escala humana (jardins, vilas, aldeias e comunidades) ambientalmente sustentáveis, socialmente justos e financeiramente viáveis. Foi criada pelos ecologistas australianos Bill Mollison e David Holmgren na década de 1970. A ênfase está na aplicação criativa dos princípios básicos da natureza, integrando plantas, animais, construções, e pessoas em um ambiente produtivo e com estética e harmonia. Seu projeto pode ser conhecido no site http://www.projectbonafide.com. Chegar ao local foi difícil, mas valeu a pena por tudo o que aprendemos sobre permacultura.

Precos básicos na Nicarágua: (Moeda: córdobas - 1US$= 20,22 córdobas, em 22/05/09)

1 cafezinho: nao tomamos café na Nicarágua.

1 Coca-cola (600 ml): US$ 0.75.

1 cerveja (long-neck): US$ 0.80.

1 prato de comida (prato executivo: arroz, feijao, carne e salada): US$ 2.50.

Gasolina (por galao): US$ 3.80.

1 noite de hotel para o casal (quarto simples, com cama de casal, banheiro e um ventilador): US$ 10.

Fronteira Nicarágua/Costa Rica: Cruzamos para a Costa Rica na última quinta-feira, pela fronteira de Peñas Blancas. Levamos três horas em todo o processo porque havia uma fila gigante somente para carimbar o passaporte com a entrada no país. Há muitos nicaraguenses que entram na Costa Rica para trabalhar ilegalmente, já que o segundo país tem um nível econômico muito mais alto que o primeiro. Para sair da Nicarágua, pagamos US$ 2 cada um (taxa de turismo) e, para entrar na Costa Rica, pagamos US$ 15 de seguro para a moto. O procedimento para obter o "permiso" foi gratuito. Estamos agora em Cartago, na Costa Rica, descansando uns dias na casa dos pais de um grande amigo.


Enviado por Gustavo Teixeira -
22.5.2009
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0h58m

A Nicarágua para turista ver

Granada é quase uma Nicarágua para turista ver. Ou pelo menos foi essa a nossa impressao, ao chegarmos à cidade. À primeira vista, tudo parece muito "bonitinho" e "arrumadinho", como se estivesse a cidade preparada para os turistas que chegam diariamente de várias partes do mundo. Só depois de percorrer um pouco mais suas ruelas de fachadas coloniais e de, principalmente, circular pela zona do mercado municipal, com toda a sua gritaria, cheiro de comida e aquela "bagunça" típica da América Latina, que nos sentimos mais à vontade.

Localizada na cabeceira noroeste do Lago de Nicarágua, ou Cocibolca (seu nome indígena), Granada sempre figurou entre as principais cidades da América Central. Serviu por muitos anos como o principal ponto de apoio aos navegadores que chegavam do Caribe ao lago, por meio do rio San Juan. Essa passagem entre o Lago de Nicarágua e o Caribe também tornou a cidade um alvo de muitos saques de piratas. Num desses episódios, o famoso capitao Henry Morgan logrou navegar por todo o rio San Juan, entrar no Lago de Nicarágua, invadiar Granada e fugir da cidade com meio milhao de libras, em 1665, indo de volta à Jamaica.

Durante as duas noites em que estivemos em Granada, além de rodar pelo mercado municipal, visitamos a Igreja de La Merced, onde pudemos escalar a torre dos sinos para ter uma fabulosa vista de cima da cidade e assistir a um coroinha tocar as badaladas das seis da tarde.

Um dos fatos que mais nos marcou durante a nossa passagem por Granada foi a quantidade de pessoas pedindo dinheiro pelas ruas. Claro que já havíamos visto outras pessoas em países da América Central fazendo o mesmo, mas na Nicarágua, aparentemente, o fato ocorre com muito mais freqüência.

P.S.: Respoderemos os comentários assim que tivermos mais tempo.


Enviado por Gustavo Teixeira -
20.5.2009
|
15h00m

Como los Santos

Contam na Nicarágua que, em 1970, quando o país ainda sofria sob a dura repressao da ditadura da família Somosa, o grande poeta Leonel Rugama, que lutava ao lado dos sandinistas, se viu cercado com outros companheiros por um batalhao de soldados armados com rifles e canhoes. E, ao ser aconselhado pelos soldados de Somosa a se render para evitar a morte, respondeu com firmeza: "¡Que se rinda tu madre!". A frase, dizem com orgulho por aqui, foi o último verso declamado pelo poeta, que foi assassinado aos 20 anos de idade.

Ouvimos esta história (e outras mais), neste sábado, de Pancho, proprietário de um pequeno hotel onde nos alojamos em Estelí, cidade localizada no noroeste do país, e capital do estado de mesmo nome. Estelí, por sinal, é uma dessas cidades que, de tao modesta, pode passar despercebida aos olhos de viajantes menos atentos. Mas basta caminhar um pouco por suas ruas, ou mesmo conversar com seus moradores, para se notar sua grande autenticidade.

Devido à sua posiçao estratégica, próxima à fronteira de Honduras e às margens da Panamericana, Estelí foi ponto-chave durante os longos anos de luta contra a ditadura dos Somosa. A cidade também serviu de base para os sandinistas e para os chamados "internacionalistas" (estrangeiros de vários países que vieram à Nicarágua sobretudo na década de 80, dispostos a ajudar na revoluçao). Em 1979, no entanto, Estelí foi bombardeada, e ainda hoje guarda as marcas deste período penoso de sua história, seja pelos bonitos murais pintados e espalhados pela cidade, ou pelas próprias lembranças de seus cidadaos. Esses murais, aliás, além de pintarem as lutas que foram travadas ali, mostram também, com suas cores, como a simpatia e a perseverança desse povo vao ajudando a construir um país um pouco melhor.

Pancho ainda nos disse, com um grande sorriso estampado no rosto, que, apesar de todas as dificuldades que persistem, a Nicarágua deverá declarar, em julho deste ano, o fim do analfabetismo entre sua populaçao. O analfabetismo zero foi sempre um ideal perseguido pelos sandinistas e pelos internacionalistas que para aqui vieram.


Enviado por Danielle Borges -
19.5.2009
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15h00m

Dá-lhe tortilla - Especial de comidas típicas

O destaque em comida durante esta viagem é a "tortilla". A partir do México e até agora, café-da-manha, almoço e jantar sao servidos com, pelo menos, duas "tortillas" por pessoa. Trata-se de uma espécie de panqueca feita com farinha de milho ou de trigo (caso de Honduras, principalmente).

No café-da-manha, servem, geralmente, um prato com ovos mexidos e feijao batido (bem espesso) e, claro, "tortilla", que se recheia com a comida servida, nao importa o que seja. De um país para outro, há algumas variaçoes. Na Guatemala, acrescentam, ao prato de café-da-manha, creme de queijo e, em Honduras, banana frita. A segunda opçao de café-da-manha mais comum é o "tamal": massa de milho (tipo o angu), cozido com carne e verduras, enrolado em folha de bananeira. Delicioso e barato, comprado facilmente de vendedores ambulantes!

O almoço, em quase todos os países, consiste numa sopa de entrada e um prato principal servido com um tipo de carne, arroz e salada ou verduras. O feijao faz-se mais presente no almoço a partir de Honduras. No México e na Guatemala, é comum também o prato de frango frito com batatas, que pode, inclusive, ser comprado em barraquinhas na rua. O jantar é igual ao almoço.

Para beliscar, mais uma vez, "tortilla"!!!!! Tacos, nachos, quesadillas e burritos sao versoes da "tortilla" como petiscos: "tortilla" frita, recheada ou usada para fazer sanduíches. No México, toda essa comida é digerida com muita pimenta, inclusive no café-da-manha. Lá, nos chamou a atençao o fato de usarem pimenta até em picolés!!!!

De sobremesa, além dos picolés caseiros mexicanos (já citados em outro post), o "pastel de tres leches" é o mais típico: bolo branco molhado com leite condensado, creme de leite e leite "evaporado" (uma espécie de creme de leite mais líquido, comum nas receitas latinas).

Nao provamos muitas bebidas alcóolicas, como "piña-colada" ou "marguerita". O que provamos de mais típico (e adoramos!!!!) foi a "michelada": cerveja com molho picante, suco de tomate, molho inglês, sal, limao e gelo. Nao podemos deixar de comentar sobre os sucos de frutas, facilmente encontrados em qualquer restaurante. Além das frutas já bastante conhecidas no Brasil (melancia, melao, abacaxi e goiaba), o tamarindo e o nance (como uma cereja amarela) também sao bastante comuns por aqui, sobretudo no México, em Honduras e na Nicarágua, e usados em sucos e picolés.

Belize é um caso à parte, pois tem costumes mais caribenhos do que latinos. O prato típico por lá é o "rice and beans": arroz já misturado com o feijao (mulatinho), cozido com leite de côco. Geralmente, é servido com carne e salada ou vegetais. Bom para dar um descanso da tao popular "tortilla".


Enviado por Danielle Borges e Gustavo Teixeira -
18.5.2009
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15h49m

Especial - Dois meses de viagem

Demoramos um pouco, mas aqui vai o Especial - Dois Meses de Viagem. Como prometemos, além de fazer um resumo dos pontos que consideramos importantes, informaremos os preços básicos de alguns itens em cada país, para dar uma idéia de custo para os que querem fazer uma viagem similar, ainda que nao seja de moto. Todos os preços (média do que encontramos) serao informados em dólar com o câmbio ao valor do dia 15 de maio, última sexta-feira. Para passarem os valores para reais, podem usar a página do Banco Central (http://www4.bcb.gov.br/pec/conversao/conversao.asp?TXCONVERSAO).

Já estamos na Nicarágua, na cidade de Granada. A travessia da fronteira entre Honduras e Nicarágua foi a mais rápida até agora. Em menos de 40 minutos, já seguíamos viagem para a primeira cidade onde ficaríamos no país, Estelí.

Lugares Favoritos: Elegemos quatro lugares favoritos para o segundo mês desta viagem, e aí estao eles: Tulum (México), Laguna Bacalar (México), Tikal (Guatemala) e Semuc Champey (Guatemala).

Segurança: Continuamos nos sentindo super seguros nas estradas. Na realidade, nao passamos, durante esses dois meses em que estamos viajando, por nenhuma situaçao de perigo. Na Nicarágua, fomos parados por policiais rodoviários, entre Estelí e Granada, depois de termos feito uma ultrapassagem em faixa contínua. Eles nos pediram dinheiro para "ajudar na gasolina da viatura", mas foram super simpáticos e nos dispensaram sem problemas depois que lhes dissemos que nao tínhamos dinheiro algum. Foi o único episódio até agora de policiais pedindo propinas por que passamos.

Moto: O freio traseiro falhou em duas situaçoes de descidas bastante íngrimes. A primeira foi entre Semuc Champey e Lanquín, e a segunda no Lago de Atitlán, ambos na Guatemala. Inicialmente pensamos que fosse o fluido de freio, mas em Antígua acabamos trocando as pastilhas tanto da roda dianteira quanto da traseira, e, até agora, nao tivemos mais problemas. A bateria falhou completamente entre a Cidade da Guatemala e Antígua, e, por muito pouco, nao nos deixou numa situaçao bastante desagradável. Era noite, mas estávamos a um quilômetro de um hotel. No outro dia, verificamos que o nível de água destilada estava baixo e o completamos. Nao tivemos mais problemas desde entao. Trocamos o pneu traseiro em Chetumal, no México; tivemos um pneu furado em Crooked Tree, em Belize; uma lâmpada de farol queimada, em El Remate, na Guatemala. Esperamos trocar o pneu da frente em San José, na Costa Rica.

Roteiro: Decidimos alterar parte do roteiro e encurtá-lo, em razao do custo da viagem e da falta de tempo, pois já estávamos atrasados em um mês. Agora, conhecendo melhor as condiçoes da viagem, fizemos um roteiro mais realista e estamos adiantados quatro dias, com previsao de chegar ao Brasil em julho. Seguir até a Tierra del Fuego, na Argentina, está descartado. Entraremos no Brasil pela Bolívia.

Estradas: Belize possui estradas de uma pista, quase sempre sem acostamento, e com péssima sinalizaçao; a Guatemala possui um sistema rodoviário bastante precário, com vários trechos sem pavimentaçao. Também faltam acostamento e sinalizaçao. Os melhores trechos estao na parte sul do país, próximos à capital federal; El Salvador possui estradas muito boas, com acostamento, bom asfalto e bastante sinalizaçao. E é muito comum ver operários nas estradas, trabalhando para melhorá-las; Honduras possui estradas largas, porém peca em alguns trechos bastante "esburacados". Também faltam faixas separando pistas, em muitos casos. A Nicarágua tem estradas de pista única, porém de qualidade.

Gastos: Ao contrário do que esperávamos, nossa média diária de gastos subiu em relaçao ao mês passado, indo de US$ 50 para US$ 54 (US$ 27 por pessoa). Contribuíram neste quesito alguns gastos inesperados com a moto, além de os dias em Belize terem sido significativamente mais caros do que em outros lugares.

PREÇOS BÁSICOS

Estados Unidos (Moeda: Dólar)

1 café americano (numa xícara de café-com-leite): US$ 1,50.

1 Coca-cola (600 ml): US$ 1.

1 cerveja (long-neck) num bar: US$ 4.

1 prato de comida (um pedaço de carne, um acompanhamento e salada ou verduras): US$ 14.

Gasolina (por galao de 3.78 litros, medida usada na maioria dos países por que passamos ): US$ 2.

1 noite de hotel para um casal (quarto simples, com cama de casal, banheiro e um ventilador, algumas vezes): US$ 50.


México (Moeda: Pesos - US$ 1= 13, 24 pesos)

1 cafezinho (item difícil de ser encontrado, a nao ser em cafeterias de cidades muito turísticas): US$ 0,90.

1 Coca-cola: US$ 0,75.

1 cerveja (long-neck) num bar: US$ 1,15.

1 prato de comida: US$ 3,00.

Gasolina: US$ 3,70.

1 noite de hotel para um casal: US$ 13.

Belize (Moeda: Dólares de Belize - US$ 1= 1,95 dólares de Belize)

1 cafezinho: nao tomamos café enquanto estávamos em Belize.

1 Coca-cola: US$ 0,75.

1 cerveja (long-neck) num bar: US$ 1,75.

1 prato de comida: US$ 8.

Gasolina: US$ 3,50.

1 noite de hotel para um casal: US$ 15.

Guatemala (Moeda: Quetzal - US$ 1= 8,11 quetzales)

1 cafezinho: US$ 0,85.

1 Coca-cola: US$ 0,85.

1 cerveja (long-neck) num bar: US$ 1.

1 prato de comida: US$ 3,80.

Gasolina: US$ 2,75.

1 noite de hotel para um casal: US$ 7.

El Salvador (Moeda: Dólar americano)

1 cafezinho: US$ 0,50.

1 Coca-cola: US$ 0,50.

1 cerveja (long-neck) num bar: US$ 1,25.

1 prato de comida: US$ 4.

Gasolina: US$ 2,60.

1 noite de hotel para um casal: US$ 13,50.

Honduras (Moeda: Lempiras - US$ 1= 18,90)

1 cafezinho: US$ 0,80.

1 Coca-cola: US$ 0,65.

1 cerveja (long-neck) num bar: US$ 1,15.

1 prato de comida: US$ 4,50.

Gasolina: US$ 2,80.

1 noite de hotel para um casal: US$ 15.

Cartoes de crédito: o país onde mais tivemos dificuldades para encontrar lugares que aceitassem cartao de crédito foi o México. No restante dos países, uma quantidade razoável de estabelecimentos aceita Visa. Mas, em alguns, como Guatemala e Belize, cobram uma taxa de 6% sobre o pagamento em cartao. Geralmente, os lugares que aceitam cartao de crédito sao mais caros que os que nao aceitam.

A partir de agora, informaremos os preços básicos por país ao final da nossa passagem pelo mesmo.


Enviado por Gustavo Teixeira -
16.5.2009
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22h59m

Nos braços de Yojoa

Saímos de Tela, no caribe hondurenho, nesta quinta-feira, dispostos a trocar água salgada por doce. Acabamos encontrando um pequeno povoado (de beira de estrada) às margens do famoso Lago de Yojoa, a 160 quilômetros ao norte de Tegucigalpa.

Yojoa é quase uma pintura. Basta dar uma volta entre os pequenos povoados de La Guama e Peña Blanca, ambos à beira do lago, para ver meninos pescando com pura linha e anzol, homens em canoas, crianças correndo atrás de bola, gente de papo em frente às casas e muita, muita "falta do que se fazer".

Além disso, Yojoa foi uma das melhores surpresas da viagem até agora. Ao contrário do Lago de Atitlán, com o qual ficamos frustrados (depois de ouvir várias vezes que era considerado o lago mais bonito do mundo), o Lago de Yojoa foi realmente mágico para nós. Em apenas dois dias, gastamos horas à beira do lago, em silêncio, apenas admirando a sua beleza ao som do canto de diferentes pássaros. Em alguns momentos, acreditávamos haver, pelo menos, umas quinze espécies distintas de pássaros à nossa volta.

Encontramos um hotel à beira do Yojoa quase "chique demais" para os nossos padroes, mas que, sorte a nossa, cobrava apenas 200 lempiras para acampamento, ou cerca de US$ 10, e nos esbaldamos. Para nao nos sentirmos "gringos", aderimos ao programa predileto da regiao e tentamos, arduamente, nao fazer absolutamente nada nos dois dias em que passamos ali.

À tarde, saímos do povoado de moto dispostos a encontrar um hotel nas redondezas que alugasse um pequeno barco à vela, para darmos uma volta no lago. Fomos a uns três hotéis e chegamos até ao Iate Clube da regiao, mas infelizmente nao havia barcos à disposiçao. Na nossa vez é F...! (sempre mais difícil!) Hehehehe... Para nao perder a viagem, acabamos tomando uma cerveja na varanda do Iate Clube, admirando o lago e observando o entardecer.

(Esta semana, sai o Especial de dois meses de viagem e o Especial sobre as comidas típicas! Desculpem o atraso, mas está faltando tempo mesmo... principalmente depois desses dois dias em Yojoa!)






































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